20 de dez. de 2006

Das Lacunas

Pois faz tempo que quero escrever algo, mas não me vem a inspiração. Assuntos bons surgem, idéias interessantes também, mas não consigo estruturar um texto. É como se as palavras houvessem fugido para o mato e, escondidas atrás das árvores, ficam à espreita, caçoando da minha procura infrutífera.
Não apenas me faltam palavras. Não sei exatamente o que gostaria de dizer, que tipo de emoção passar. É um infinito condensado de dúvidas e indecisão. Precisamente isso! Então, penso e não chego a texto algum. Ah, bons tempos aqueles em que conseguia escrever poemas piegas!! Hoje não passo do pensamento vacilante, do ensaio hesitante, da tentativa cambaleante e... de concreto, nada. Minto! De concreto, apenas as paredes desnudas do novo habitáculo que irá me abrigar, e a marquise que caiu quase em cima de mim.
Parece que minha capacidade de produção textual foi-se com a matrícula trancada da universidade. Mas pode ser também outro o motivo da inspiração fugidia: o vazio de emoções que se encontra em mim. Mesmo sem ter culpa, fui jogado nesse limbo confuso de sentimentos, uma profusão de afetos inúteis e raivas inócuas que, de tão fortes e intensos, formam uma absoluta e medíocre pasmaceira. Estou livre e perdido ao mesmo tempo; sem dor nem vontade.

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