22 de ago. de 2006

Cortina de Fumaça

Essa fumaça que me engasga
e defuma teus pulmões
ressecou teu coração.
Também embaçou teu olhar,
e tornou teu sorriso amarelo.
Essa fumaça em pequenas doses,
repetidas freneticamente,
agora te esconde feito escudo.
Esconde mas não protege.
Proteger de quê?
Teu sorriso limpo,
teu olhar inocente,
tua palavra incauta
Aonde foram parar?
Teus sonhos engendrados,
teus castelos nefelibatas e
teus projetos sonhados
onde foste ocultar?
A máscara arrebatou o ator,
o escudo conquistou o guerreiro,
a fórmula tomou o engenheiro,
mas a lágrima não lavou a dor.
A dor incômoda de ser humano,
de ser frágil e incoerente,
de ser amado e ter medo de errar.
Agora queres fugir. Fugir de quem?
Assopra essa poeira,
limpa essa fuligem,
lava o rosto e levanta os olhos.
Sai detrás dessa cortina que te encobre
e volve ao teu lar amical.
Nós que aqui estamos
por ti esperamos!